Ah, como é
lindo o batuque do Tambor
Ah, como é
lindo o batuque do Tambor
Na Umbanda
linda de Nosso Senhor
Na Umbanda
linda de Nosso Senhor
É a
mensagem que enaltece os Orixás
É a oração
que elevo ao senhor
É a
vibração que nos faz incorporar
Sem
batuque na umbanda
Que o
canto faz a gira de Umbanda
Quem
canta, encanta a vida dos Orixás
É uma
benção, divina que emana muita paz.
Oração do Músico!
Deus
todo-poderoso, que nos destes a vida, os sons da natureza, o dom do ritmo, do
compasso e da afinação das notas musicais, dai-nos a graça de conseguir técnica
aprimorada em nossos instrumentos a fim de que possamos exteriorizar nossos
sentimentos através dos sons. Permite Senhor, que os sons por nós emitidos
sejam capazes de acalmar nossos irmãos perturbados, de curar doentes e de
animar os deprimidos e sejam brilhantes como as estrelas e suaves como o
veludo. Permite Senhor, que todo ser que ouvir o som dos nossos instrumentos
sinta-se bem e pressinta a vossa presença.
Amém!
Inicio:
A música é
utilizada desde os tempos mais remotos, como uma forma de contato entre nós,
seres
humanos e
a Divindade. Na própria Bíblia existem muitas passagens que nos mostram isso.
A Umbanda,
também se utiliza desse processo, através dos pontos cantados, que são
verdadeiras preces verem ali, desejoso de suprir suas necessidades de vícios.
Analisando
calmamente o ato de ofertar, todo o axé emitido por nós e o axé recebido dos
Orixás, é algo que dura poucos segundos, no máximo um ou dois minutos - que
sabemos que estamos emitindo e recebendo axé por causa da vibração do nosso
corpo. A vela que acendemos normalmente demora quatro horas para queimar e,
segundo alguns magos, ela deve ser queimada até o fim. Concordo, mas também
acho que podemos levar uma vela que dure menos, talvez uma hora, que é o tempo
que dá para esperar a queima total, enquanto refletimos e rezamos por aquilo
que fomos buscar com a oferenda. Note que dá para fazer uma oferenda no local
sagrado do Orixá, sem pressa, com muita fé, muito axé e sem depredar o meio
ambiente. O que realmente manda na oferenda é a nossa fé, pois sem ela,
estaríamos desperdiçando tempo e dinheiro. Além de não contribuirmos com a
degradação ambiental, ainda reconquistamos o respeito da comunidade em relação
à religião que respeita e protege a natureza.
Certa vez
me perguntaram o que fazer com o material contido na oferenda, já que não será
mais
usado como
lixo ambiental. Ora, uma vez que foi devidamente utilizado como meio de
transporte de axé, a comida pode e deve ser consumida, a bebida tomada e
materiais não consumíveis, reutilizados. E sabem por que podemos fazer isso?
Porque a oferenda de um umbandista só contém coisas boas, boas vibrações, boas
intenções, o desejo de fazer o bem, e isso tudo só atrai energia boa para a
comida e bebida da oferenda. Isso é Umbanda: o respeito ao ser humano, o respeito
aos animais, o respeito à natureza, e por isso, a religião com fundamentos que
funcionam. Musicais, que dinamizam forças naturais e nos fazem entrar em
contato íntimo com as Potências Espirituais que nos regem.
O ponto
cantado está entre os fundamentos de maior importância para os trabalhos dentro
de uma
tenda de
Umbanda e por isso, os curimbeiros e ogãs devem conhecer o mínimo necessário
sobre a magia musical gerada por esses cânticos, para que os mesmos sejam
entoados no momento certo, uma vez que possuem vibrações e finalidades próprias
para cada momento ou tipo de trabalho. Isso é importante, pois, quando entoados
em hora imprópria, os pontos podem perder o sentido, ou até atrapalhar a
sessão.
Quanto à
origem, dividem-se em pontos de raiz, que são enviados pelos espíritos
(incorporados ou através de outra manifestação mediúnica, como a inspiração),
ou pontos terrenos, são feitos pelas pessoas, sem intervenção espiritual.
Irmão
umbandista, “cante com o coração”, pois palavras jogadas ao vento não trarão as
energias necessárias que ele poderia gerar e vibrar dentro do terreiro. Sinta o
que você está entoando e deixe a energia fluir, envolvendo sua casa com as
forças positivas do Astral.
A partir
do momento que os ogãns e os médiuns têm a consciência da importância do mantra
dos
atabaques,
o respeito por eles ganha grande importância.
Pouca
gente cultua, mas junto aos atabaques, o Rum, o Rumpi e o Lé, sempre ficam uma
entidade
zelando
pelo som que eles produzem. Inegavelmente os mantras dentro da Umbanda, além do
som dos atabaques e sua engoma, são os pontos cantados. Existem pontos cantados
para todas as situações do ritual, como abertura da gira até seu encerramento,
até mesmo para homenagear visitas de Pais ou Mães de Santos. No caso presente
falamos dos pontos que são mantras dentro da Umbanda, ou seja aquele som que
ecoa pelo espaço ou éter até alcançar as camadas para as quais esse som foi
projetado. Mais objetivamente vamos comentar sobre os pontos cantados
individuais dos espíritos e dos de linha.
Ponto individual
O ponto
individual é aquele que é o elo musical com uma determinada entidade. Se no
Terreiro sabe estarem chamando por ela. Existem fatos dentro da Umbanda muito
interessantes e que passam a servir como proteção aos Terreiros. Em um ponto
cantado de uma entidade, dificilmente um obsessor se fará passar por ela.
Exemplificando, se vai se chamar um Pai Joaquim de Angola no seu ponto certo,
conhecido e tradicional, nenhuma entidade mentirosa se fará passar por ele,
porque a sua responsabilidade da eventual falsidade vai lhe acarretar a
obrigação de responder por esse ato perante o próprio Pai Joaquim, o que nenhum
obsessor com certeza quer. Então o ponto individual é o mantra criado com
determinada entidade,
que não
deve ser mudado e sempre cantado o mesmo.
Pontos de linha
Ponto de
linha é o que chama as entidades de determinada linha, sem ser uma entidade
nominada, mas todas as entidades daquela linha. Por exemplo, quando se canta
para Oxóssi, todos os caboclos podem incorporar, desde que seja desta linha.
Não pode é um caboclo de Ogum ou Xangô incorporar em um ponto de Oxóssi. Usa-se
muito esse recurso. Chama-se a entidade e depois o ponto de linha para que
todos os falangeiros da entidade possam incorporar.
CURIMBA E ATABA QUES
Curimba é
o nome que damos para o grupo responsável pelos toques e cantos sagrados dentro
de um terreiro de Umbanda.
São eles
que percutem os atabaques (instrumentos sagrados de percussão), assim como
conhecem cantos para as muitas “partes” de todo o ritual umbandista.
Esses
pontos cantados, junto dos toques de atabaque, são de suma importância no
decorrer da gira e por isso devem ser bem fundamentados, esclarecidos e
entendidos por todos nós.
Muitas são
as funções que os pontos cantados têm.
Primeiramente
uma função ritualística, onde os pontos “marcam” todas as partes do ritual da
casa.
Assim
temos pontos para a defumação, abertura das giras, bater cabeça, etc. Temos
também a
função de
ajudar na concentração dos médiuns. Os toques assim como os cantos envolvem a mente
do médium, não o deixando desviar – se do propósito do trabalho espiritual.
Além
disso, a batida do atabaque induz o cérebro a emitir ondas cerebrais diferentes
do padrão comum, facilitando o transe mediúnico.
Esse
processo também é muito utilizado nas culturas xamânicas do mundo afora.
Entrando
na parte espiritual, os cantos, quando vibrados de coração, atuam diretamente
nos chacras superiores, notavelmente o cardíaco, laríngeo e frontal,
ativando-os naturalmente e melhorando a sintonia com a espiritualidade
superior, assim como, os toques dos atabaques atuam nos chacras inferiores,
criando condições ideais para a prática da mediunidade de incorporação.
As ondas energéticas – sonoras emitidas pela
curimba vão tomando todo o centro de Umbanda e vão dissolvendo formas –
pensamentos negativas, energias pesadas agregadas nas auras das pessoas,
diluindo miasmas, larvas astrais, limpando e criando toda uma atmosfera
psíquica com condições ideais para a realização das práticas espirituais.
A curimba
transforma-se em um verdadeiro “polo” irradiador de energia dentro do terreiro,
potencializando ainda mais as vibrações dos Orixás.
Os pontos
transformam-se em “orações cantadas”, ou melhor, verdadeiras determinações de
magia, com um altíssimo poder de realização, pois é um fundamento sagrado e
divino.
Poderíamos
chamar tudo isso de “magia do som” dentro da Umbanda.
A Curimba
também é de suma importância para a manutenção da ordem nos trabalhos
espirituais, com os seus pontos de “chamada” das linhas, “subida”, “firmeza”,
“saudação”, etc.
Entendam
bem, os guias não são chamados pelos atabaques como muitos dizem. Todos já se
encontram no espaço físico - espiritual do terreiro antes mesmo do começo dos
trabalhos. Portanto a curimba não funciona como um “telefone”, mas sim como uma
sustentadora da manifestação dos guias. O que realmente invoca os guias e os
Orixás são os nossos pensamentos e sentimentos positivos vibrados em vossas
direções.
Muitas vezes ao cantar expressamos esses sentimentos, mas é o amor aos Orixás a
verdadeira invocação de Umbanda.
Falando
agora da função de atabaqueiro e curimbeiro, ou simplesmente da função de “ogã”
como
popularmente
as pessoas chamam na Umbanda, enfatizamos a importância deles serem bem
preparados para exercerem tal função em um terreiro.
Infelizmente
ainda hoje a mentalidade de que o ogã é “qualquer um que não incorpore”
persiste.
Mas
afirmamos, o ogã como peça fundamental dentro do ritual é também um médium
intuitivo que tem como função comandar todo o “setor” da curimba e pode também
ser portador de outras faculdades mediúnicas. Por isso faz - se necessário que
seja escolhido uma pessoa séria, estudada, conhecedora dos fundamentos da
religião.
Além
disso, o ideal é que o “neófito” que busca ser um novo ogã procure uma escola
de curimba,
onde
aprenderá os fundamentos, os toques de nação e “como”, “o quê” e “quando”
cantar. Mulheres também podem ser atabaqueiras e curimbeiras, SIM! Nunca vimos
um caboclo ou preto-velho proibindo mulher de tocar atabaque, por isso afirmamos,
na Umbanda mulher toca e canta sim e, diga-se de passagem, muitas vezes melhor
do que os próprios homens.
Por fim,
queremos fazer alguns comentários a cerca da espiritualidade que guia os
trabalhos da
curimba.
Muitas linhas de Umbanda existem no astral e trabalham ativamente nele, apesar
de não incorporarem.
Existem
muitas linhas de caboclos, exus, pombo giras etc., que por motivos próprios
trabalham nos “bastidores”, sem incorporarem nos tomarem a “linha de frente”
dos trabalhos espirituais.
Também existe
uma corrente de espíritos que auxiliam nos toques e cantos da curimba. São
mestres na música de Umbanda, verdadeiros guardiões dos mistérios do “som”.
Normalmente apresentam-se com a aparência de homens e mulheres negras, com
forte complexão física para os homens, e bela, mas igualmente forte para as
mulheres.
Seus
trajes variam muito, indo desde a roupagem mais simples como um “escravo” da
época colonial, como até mesmo o terno e o vestido branco. São espíritos
bondosos, muito alegres e divertidos, que com o cantar encantam a muitos no
astral. Alguns se fazem presente auxiliando o toque, outros o canto e outros
ainda auxiliam a manutenção da energia e sua dissipação dentro do terreiro.
Muitas
vezes chega a acontecer uma espécie de “incorporação” desses guias com os ogãs,
os inspirando a determinados toques e cantos. Qualquer pessoa com experiência
em curimba pode relatar casos aonde um ponto vem na hora que ele é necessário e
depois você simplesmente o esquece. Isso acontece sobre inspiração desses mentores.
Algumas
vezes também, em festas de Umbanda e dos Orixás, onde muitos se reúnem,
percebemos que diversos espíritos chegam portando seus “tambores astrais”,
percutindo-os a partir do astral, ajudando na sustentação e na energia das
festividades, potencializando ainda mais os toques dos atabaques e as energias
movimentadas.
Quando os
guias, incorporados fazem sua saudação à frente dos atabaques, estão saudando
as
pessoas
que tocam, estão pedindo para que as forças movimentadas pela curimba sejam
benéficas a todos, mas estão principalmente, saudando e agradecendo a toda essa
corrente de trabalhadores “anônimos” do astral.
Estão
percebendo como muita coisa foge aos nossos sentidos em uma “simples” e humilde
gira de Umbanda? Sabemos que esse universo da curimba muitas vezes é pouco
explicado, e muitos chegam a defender a abolição dos atabaques dos centros de
Umbanda.
A isso, os
próprios guias e mentores de Umbanda respondem, tanto incentivando os toques e
trazendo mentores nesse “campo”, como também, abrindo turmas de estudo de
Umbanda e desenvolvimento mediúnico, onde percebemos claramente que o
“animismo” acontece por despreparo do médium, falta de estudo ou orientação e
não pelo uso de atabaques.
Os
atabaques devem ser tratados com o máximo de respeito e nenhuma pessoa
desautorizada
deverá
tocá-los, o que poderia colocar em risco o equilíbrio da gira e a faixa
mediúnica dos médiuns da corrente. Quando fora de uso, os atabaques, devem ser
cobertos com pano próprio. É importante observar que o toque (volume) dos
atabaques nunca deve exceder as vozes da corrente. Quando o atabaque excede a
corrente se desorganiza e o médium perde a concentração, atrapalhando e muito o
desenvolvimento dos médiuns e o bom andamento do trabalho.
Um texto muito bem expecifico sobre os ogans adorei
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