quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Trono da Evolução



TRONO DA EVOLUÇÃO
 PAI OBALUAYÊ  E MÃE NANÃ BURUQUÊ

 Hoje vamos  falar sobre Obaluayê e Nanã Buroquê, ou seja, o par de Orixás ou o casal de Orixás que está na linha da evolução. Obaluayê, alguns escrevem Abaluaye, Obaluae, Babaluae, eu escrevo Obaluayê por causa da origem da língua do Yorubá, ou seja, há uma tradução para Obaluayê. Obaluayê vêm de Oba (o rei) Lu (senhor) Ayê (terra), então Obaluayê é o rei e senhor da terra. Da terra, do elemento terra, e da terra da matéria, do mundo material, mas principalmente do elemento terra. Ele é um Orixá da terra. É a sexta linha de Umbanda, a linha telúrica, linha da evolução. A saudação para Obaluayê é “Atotô”. Dizemos “Atotô Obaluayê”. Atotô é a saudação ao velho, quer dizer silencio em respeito a Obaluayê.  Então quando Obaluayê está presente dizemos “Atotô Obaluayê”. Linha da evolução, Obaluayê é universal e Nanã Buroquê é cósmica, formando esse par na linha da evolução. O sincretismo de Obaluayê é São Lazaro. Obaluayê é Orixá da cura, da evolução, da transformação, da transmutação. São Lazaro representa essa cura, é um santo católico muito evocado para a cura, para as dores morais e físicas, em sua imagem aparece cheio de feridas e aparece um cachorro lambendo a ferida de São Lazaro, cachorro também entra no mistério de Obaluayê e de Omulu também limpando as feridas.  As vezes a gente pensa em São Lazaro como o lazaro redivivo, aquele lazaro que cristo falou “levante-se e ande?” mas o santo São Lazaro que sincretiza é um santo que diz que foi mendigo e andava pelas ruas maltrapilho, mendigo, machucado, isso tem muito a ver com Obaluayê, vamos ver já já. Outra imagem é coberto de palha da costa. Na clarividência, quando Obaluayê se manifesta ele vem coberto de palha no mundo astral, quando ele incorpora. A incorporação do Orixá Obaluayê, ele vem de palha.  Ele tem uma vassourinha chamada de “xaxará”, é o Orixá da varíola que curava as doenças, com essa vassourinha ele vai limpando e curando, vassoura de palha também, palha da costa. Na palha da costa tem um mistério relacionado a Obaluayê. Não lembro se eu já contei em outra aula, que certa vez estava incorporado com um Preto-Velho e uma consulente trouxe uma palha da costa para o Preto-Velho. Na época achava que era bobagem usar palha da costa como proteção, para afastar egun, porque se usa muito mais uma palha da costa trançada para afastar egun, ou seja, espíritos. Na Umbanda todos são eguns, todos são espíritos, mas a gente chama de egun os espíritos indesejados, então a palha da costa quando é usada na Umbanda é para afastar os espíritos indesejados; essa consulente trouxe uma palha da costa trançada e deu essa palha da costa na mão do Preto-Velho e pediu para ele consagrar. Nesse momento o Preto-Velho abriu de alguma forma a minha clarividência, que eu não sou clarividente, mas a entidade tem esse dom e mostrou para mim o trabalho com pai Benedito e pai Benedito levantou essa palha na mão e começou a rezar na palha da costa. Conforme ele ia rezando, surgiu ao lado da consulente o Orixá Obaluayê se manifestou, vestido de palha, o Preto-Velho estava com aquela palha na mão, ele esticou o braço para a palha, para quem olhava parecia que ele estava só rezando a palha mas ele esticou o braço, ele levou a palha até Obaluayê de maneira que a palha que estava na mão dele se misturou com a palha que estava na roupa de Obaluayê e ali essa palha passou a fazer parte da vestimenta de Obaluayê a palha que a menina trouxe, a consulente. Quando ele puxou, é como se ele tivesse trazido uma palha de Obaluayê plasmada naquela palha que a consulente trouxe para consagrar. Então ela veio imantada, imantada com a energia de Obaluayê, ela veio consagrada porque se tornou sagrada após o Preto-Velho fazer esse ritual e cruzada na força de Obaluayê nos mistérios do alto, embaixo, da direita e da esquerda. Então ali ele pegou essa palha com esse axé de Obaluayê e deu um nó, colocou a palha no braço da consulente, então ela passou a ter a proteção de Obaluayê por meio de um ritual muito simples que o Preto-Velho fez. A imagem do Orixá coberto de palha, a mesma imagem serve para Obaluayê e para Omulu. São imagens que a gente usa na Umbanda.  Usa-se mais São Lazaro, alguns usam a imagem em respeito a forma plasmada do Orixá que se plasma na palha. Pois bem, Obaluayê é o Orixá da evolução, estamos na linha da evolução. A qualidade de Obaluayê é a transmutação, ele é transmutador, evolucionista, é o Orixá da sabedoria, é o Orixá da cura, das passagens. Pois bem, quando a gente imagina evolução, muitas vezes imaginamos a evolução como degraus a serem alcançados, então o que é evoluir ? Evoluir é sair de um patamar e alcançar um outro nível consciencial, isso é evoluir. Evoluir sempre alcançando outros níveis de consciência. Então aqui está a evolução, subir degraus conscienciais é evoluir. Logo evoluir é sair de um nível de consciência e alcançar outro nível de consciência, outra realidade, isso é evolução. Evoluir é fazer uma passagem de uma condição para outra condição melhor, isso é evoluir.  Obaluayê é o Orixá que ajuda a fazer a passagem, porque fazer a passagem é evoluir. O maior simbolismo de passagem é o desencarne, é passar do mundo material para o mundo espiritual, logo o campo santo, o cemitério, se torna sítio sagrado de Obaluayê, de Nanã Buroquê e de Omulu, mas é a casa de Obaluayê. Para onde mais cedo ou mais tarde todos nós iremos ? Ao cemitério, ao campo santo, então eu preciso começar a enxergar, a ver o cemitério como lugar sagrado porque eu vou pra lá. Eu preciso identificar a presença de Deus e de Obaluayê naquele sagrado lugar destinado a receber nossos restos mortais. Até o dia em que todos seremos obrigados a sermos cremados porque hoje é um problema de espaço enorme ter ou não cemitério. É uma dificuldade mesmo e muitos cemitérios tem problemas com lençol freático e outros problemas mais que não interessam aqui, mas o cemitério é campo santo, campo sagrado, é a casa de Obaluayê. Há uma força, onde se estabelece um cemitério surge uma força, a presença do Orixá. O cemitério é guardado por Ogum Megê e Iansã do Bale, os Exus do cemitério, as Pombas-Giras do cemitério, cemitério é ponto de força de Obaluayê. O mar também é ponto de força de Obaluayê, é chamado de calunga grande e o cemitério de calunga pequena. Então a passagem, a evolução é o maior campo de atuação de Obaluayê, a passagem.  Quando eu estou doente e eu quero ficar saudável, então eu quero passar do estado doentio para o estado saudável, quero passar por uma transformação, quero passar por uma transmutação, por isso Obaluayê é o Orixá da cura pois ele me ajuda para que eu me cure e eu me curo quando eu passei da doença para a saúde, ele ajuda a fazer a passagem. Ele ajuda em todas as dificuldades, todas as vezes que eu estiver passando por dificuldades ele me ajuda porque ele me dá sabedoria para passar pelas dificuldades.  Quem costumava sempre dizer isso e “também passa” é Chico Xavier “alegria ou tristeza, tudo passa” tudo é passageiro. Obaluayê nos lembra disso, ele traz o mistério ancião, o mistério do velho. Quem é o velho, quem é ancião ? Porque Obaluayê é considerado Orixá ancião. O que quer dizer que um Orixá é ancião ? Quer dizer que ele tem um mistério ancião. O que é esse mistério ?
O velho é aquele que já passou por todas as fases da vida, é aquele que tem a sabedoria que o jovem desconhece, é aquele que conhece os ciclos da vida e da natureza, por isso que o velho representa, o velho ancião, velho de sabedoria. Fazemos oferenda para ele no cemitério e no mar. Na oferenda de Obaluayê é comum ter vinho tinto, água, água de coco seco, coco seco, mel, as vezes dendê e sempre há em uma oferenda de Obaluayê pipoca.  A pipoca representa o axé de Obaluayê. Até se costuma dizer que pipoca são as flores de Obaluayê porque o que é a pipoca se não o milho que evoluiu ? O milho recebeu calor e se permitiu transformar-se em pipoca. Agora aqueles milhos que não se permitiram, que não estavam abertos, o milho de mente fechada, o milho cabeça dura, o milho que não estava preparado para transformação virou piruá. Então seja você milho de pipoca para Obaluayê, seja você milho aberto a transformação, ao novo, ao poder e a presença do Orixá Obaluayê, de nosso pai, de nosso avô Obaluayê, do Orixá da sabedoria, da transmutação. Sua cor é a violeta, a mais alta cor na escala de cores do arco-íris.  O arco-íris começa no vermelho e vai subindo laranja, amarelo, verde, anil, azul e violeta. Violeta é a cor da transformação, da chama violeta. Orixá da cura, da transformação, da transmutação, nosso amado e querido pai Obaluayê que age de forma universal. É muito, muito, muito presente em nossas vidas e na Umbanda. Quando a gente for falar de Preto-Velho ainda vamos falar mais um pouco sobre Obaluayê. Uma curiosidade sobre Obaluayê, quando pensamos em evolução pensamos em degraus e o maior simbolismo de Obaluayê é o cruzeiro, tanto que os Pretos-Velhos sempre riscam o cruzeiro. O que é um cruzeiro senão os degraus da evolução ? A cruz é símbolo da fé e também símbolo de Obaluayê, então cruz também é símbolo de Obaluayê. Fica aí a dica pois o que é muito conhecido na Umbanda é descarrego com pipoca. Como funciona: acende uma vela para Obaluayê, oferece a ele, pede proteção, amparo, cura e estoura o milho na panela sem sal, só que estoura esse milho ou em um azeite de oliva virgem, tem gente que estoura milho na areia, a pessoa que é mais dedicada busca areia da praia, coloca areia na panela, esquenta o milho em cima da areia. Quando chega em uma certa temperatura estoura na areia. Outros estouram no azeite de dendê. Não vale aqui a pipoca do microondas ! Coloque em uma bacia, a vela de Obaluayê acesa, eleva a cima da cabeça e faça uma oração a Deus, sua lei maior, sua justiça divina, meus pais e mães Orixás, a meu pai Obaluayê.  Imante, consagre e cruze essas pipocas para que eu possa limpar e descarregar a mim ou a fulano ou o ambiente da casa e com essa pipoca você passa pelo seu corpo e deixe a cair no chão. Cada pipoca se torna um vórtice do pai Obaluayê e cada vórtice absorve energia negativa e irradia energia positiva. Então você passa aquela pipoca e se descarrega com aquela pipoca ou pega a pipoca e vai jogando por toda a casa e depois no outro dia você varre a pipoca, vai levando a pipoca em direção da rua, vai varrendo e levando ela pra rua. Junte tudo em um saco, ou você a joga fora ou leve a pipoca para o mar ou para algum ponto de força. Se você vai levar a um campo de força você está fazendo dois rituais. Se você limpou a casa, cantando para Obaluayê, juntou a pipoca e sentiu que está tudo limpo então pode jogar essa pipoca fora porque o que tinha que se ser feito foi feito. Esse é um descarrego com pipoca muito simples, deve ser simples, não deve ser complicado e funciona, o que importa é que funciona.  É isso, para Obaluayê, nós pedimos sabedoria, tranqüilidade e cura, muita, muita, muita cura se pede para Obaluayê.

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