TRONO DA
EVOLUÇÃO
PAI OBALUAYÊ E MÃE NANÃ BURUQUÊ
Hoje vamos falar sobre Obaluayê e Nanã
Buroquê, ou seja, o par de Orixás ou o casal de Orixás que está na linha da
evolução. Obaluayê, alguns escrevem Abaluaye, Obaluae, Babaluae, eu escrevo
Obaluayê por causa da origem da língua do Yorubá, ou seja, há uma tradução para
Obaluayê. Obaluayê vêm de Oba (o rei) Lu (senhor) Ayê (terra), então Obaluayê é
o rei e senhor da terra. Da terra, do elemento terra, e da terra da matéria, do
mundo material, mas principalmente do elemento terra. Ele é um Orixá da terra.
É a sexta linha de Umbanda, a linha telúrica, linha da evolução. A saudação para
Obaluayê é “Atotô”. Dizemos “Atotô Obaluayê”. Atotô é a saudação ao velho, quer
dizer silencio em respeito a Obaluayê. Então quando Obaluayê está presente dizemos
“Atotô Obaluayê”. Linha da evolução, Obaluayê é universal e Nanã Buroquê é
cósmica, formando esse par na linha da evolução. O sincretismo de Obaluayê é
São Lazaro. Obaluayê é Orixá da cura, da evolução, da transformação, da transmutação.
São Lazaro representa essa cura, é um santo católico muito evocado para a cura,
para as dores morais e físicas, em sua imagem aparece cheio de feridas e
aparece um cachorro lambendo a ferida de São Lazaro, cachorro também entra no mistério
de Obaluayê e de Omulu também limpando as feridas. As vezes a gente pensa em São Lazaro como o
lazaro redivivo, aquele lazaro que cristo falou “levante-se e ande?” mas o
santo São Lazaro que sincretiza é um santo que diz que foi mendigo e andava
pelas ruas maltrapilho, mendigo, machucado, isso tem muito a ver com Obaluayê,
vamos ver já já. Outra imagem é coberto de palha da costa. Na clarividência,
quando Obaluayê se manifesta ele vem coberto de palha no mundo astral, quando
ele incorpora. A incorporação do Orixá Obaluayê, ele vem de palha. Ele tem uma vassourinha chamada de “xaxará”, é
o Orixá da varíola que curava as doenças, com essa vassourinha ele vai limpando
e curando, vassoura de palha também, palha da costa. Na palha da costa tem um
mistério relacionado a Obaluayê. Não lembro se eu já contei em outra aula, que
certa vez estava incorporado com um Preto-Velho e uma consulente trouxe uma
palha da costa para o Preto-Velho. Na época achava que era bobagem usar palha
da costa como proteção, para afastar egun, porque se usa muito mais uma palha
da costa trançada para afastar egun, ou seja, espíritos. Na Umbanda todos são
eguns, todos são espíritos, mas a gente chama de egun os espíritos indesejados,
então a palha da costa quando é usada na Umbanda é para afastar os espíritos
indesejados; essa consulente trouxe uma palha da costa trançada e deu essa
palha da costa na mão do Preto-Velho e pediu para ele consagrar. Nesse momento
o Preto-Velho abriu de alguma forma a minha clarividência, que eu não sou clarividente,
mas a entidade tem esse dom e mostrou para mim o trabalho com pai Benedito e
pai Benedito levantou essa palha na mão e começou a rezar na palha da costa.
Conforme ele ia rezando, surgiu ao lado da consulente o Orixá Obaluayê se
manifestou, vestido de palha, o Preto-Velho estava com aquela palha na mão, ele
esticou o braço para a palha, para quem olhava parecia que ele estava só
rezando a palha mas ele esticou o braço, ele levou a palha até Obaluayê de
maneira que a palha que estava na mão dele se misturou com a palha que estava
na roupa de Obaluayê e ali essa palha passou a fazer parte da vestimenta de
Obaluayê a palha que a menina trouxe, a consulente. Quando ele puxou, é como se
ele tivesse trazido uma palha de Obaluayê plasmada naquela palha que a consulente
trouxe para consagrar. Então ela veio imantada, imantada com a energia de
Obaluayê, ela veio consagrada porque se tornou sagrada após o Preto-Velho fazer
esse ritual e cruzada na força de Obaluayê nos mistérios do alto, embaixo, da
direita e da esquerda. Então ali ele pegou essa palha com esse axé de Obaluayê
e deu um nó, colocou a palha no braço da consulente, então ela passou a ter a proteção
de Obaluayê por meio de um ritual muito simples que o Preto-Velho fez. A imagem
do Orixá coberto de palha, a mesma imagem serve para Obaluayê e para Omulu. São
imagens que a gente usa na Umbanda. Usa-se mais São Lazaro, alguns usam a imagem
em respeito a forma plasmada do Orixá que se plasma na palha. Pois bem,
Obaluayê é o Orixá da evolução, estamos na linha da evolução. A qualidade de
Obaluayê é a transmutação, ele é transmutador, evolucionista, é o Orixá da sabedoria,
é o Orixá da cura, das passagens. Pois bem, quando a gente imagina evolução,
muitas vezes imaginamos a evolução como degraus a serem alcançados, então o que
é evoluir ? Evoluir é sair de um patamar e alcançar um outro nível
consciencial, isso é evoluir. Evoluir sempre alcançando outros níveis de
consciência. Então aqui está a evolução, subir degraus conscienciais é evoluir.
Logo evoluir é sair de um nível de consciência e alcançar outro nível de
consciência, outra realidade, isso é evolução. Evoluir é fazer uma passagem de
uma condição para outra condição melhor, isso é evoluir. Obaluayê é o Orixá que ajuda a fazer a passagem,
porque fazer a passagem é evoluir. O maior simbolismo de passagem é o
desencarne, é passar do mundo material para o mundo espiritual, logo o campo
santo, o cemitério, se torna sítio sagrado de Obaluayê, de Nanã Buroquê e de
Omulu, mas é a casa de Obaluayê. Para onde mais cedo ou mais tarde todos nós
iremos ? Ao cemitério, ao campo santo, então eu preciso começar a enxergar, a
ver o cemitério como lugar sagrado porque eu vou pra lá. Eu preciso identificar
a presença de Deus e de Obaluayê naquele sagrado lugar destinado a receber
nossos restos mortais. Até o dia em que todos seremos obrigados a sermos
cremados porque hoje é um problema de espaço enorme ter ou não cemitério. É uma
dificuldade mesmo e muitos cemitérios tem problemas com lençol freático e outros
problemas mais que não interessam aqui, mas o cemitério é campo santo, campo
sagrado, é a casa de Obaluayê. Há uma força, onde se estabelece um cemitério surge
uma força, a presença do Orixá. O cemitério é guardado por Ogum Megê e Iansã do
Bale, os Exus do cemitério, as Pombas-Giras do cemitério, cemitério é ponto de
força de Obaluayê. O mar também é ponto de força de Obaluayê, é chamado de
calunga grande e o cemitério de calunga pequena. Então a passagem, a evolução é
o maior campo de atuação de Obaluayê, a passagem. Quando eu estou doente e eu quero ficar
saudável, então eu quero passar do estado doentio para o estado saudável, quero
passar por uma transformação, quero passar por uma transmutação, por isso
Obaluayê é o Orixá da cura pois ele me ajuda para que eu me cure e eu me curo
quando eu passei da doença para a saúde, ele ajuda a fazer a passagem. Ele
ajuda em todas as dificuldades, todas as vezes que eu estiver passando por
dificuldades ele me ajuda porque ele me dá sabedoria para passar pelas dificuldades.
Quem costumava sempre dizer isso e
“também passa” é Chico Xavier “alegria ou tristeza, tudo passa” tudo é
passageiro. Obaluayê nos lembra disso, ele traz o mistério ancião, o mistério
do velho. Quem é o velho, quem é ancião ? Porque Obaluayê é considerado Orixá
ancião. O que quer dizer que um Orixá é ancião ? Quer dizer que ele tem um
mistério ancião. O que é esse mistério ?
O velho é
aquele que já passou por todas as fases da vida, é aquele que tem a sabedoria
que o jovem desconhece, é aquele que conhece os ciclos da vida e da natureza,
por isso que o velho representa, o velho ancião, velho de sabedoria. Fazemos
oferenda para ele no cemitério e no mar. Na oferenda de Obaluayê é comum ter
vinho tinto, água, água de coco seco, coco seco, mel, as vezes dendê e sempre
há em uma oferenda de Obaluayê pipoca. A
pipoca representa o axé de Obaluayê. Até se costuma dizer que pipoca são as
flores de Obaluayê porque o que é a pipoca se não o milho que evoluiu ? O milho
recebeu calor e se permitiu transformar-se em pipoca. Agora aqueles milhos que
não se permitiram, que não estavam abertos, o milho de mente fechada, o milho
cabeça dura, o milho que não estava preparado para transformação virou piruá.
Então seja você milho de pipoca para Obaluayê, seja você milho aberto a
transformação, ao novo, ao poder e a presença do Orixá Obaluayê, de nosso pai,
de nosso avô Obaluayê, do Orixá da sabedoria, da transmutação. Sua cor é a violeta,
a mais alta cor na escala de cores do arco-íris. O arco-íris começa no vermelho e vai subindo
laranja, amarelo, verde, anil, azul e violeta. Violeta é a cor da
transformação, da chama violeta. Orixá da cura, da transformação, da transmutação,
nosso amado e querido pai Obaluayê que age de forma universal. É muito, muito, muito
presente em nossas vidas e na Umbanda. Quando a gente for falar de Preto-Velho
ainda vamos falar mais um pouco sobre Obaluayê. Uma curiosidade sobre Obaluayê,
quando pensamos em evolução pensamos em degraus e o maior simbolismo de Obaluayê
é o cruzeiro, tanto que os Pretos-Velhos sempre riscam o cruzeiro. O que é um
cruzeiro senão os degraus da evolução ? A cruz é símbolo da fé e também símbolo
de Obaluayê, então cruz também é símbolo de Obaluayê. Fica aí a dica pois o que
é muito conhecido na Umbanda é descarrego com pipoca. Como funciona: acende uma
vela para Obaluayê, oferece a ele, pede proteção, amparo, cura e estoura o milho
na panela sem sal, só que estoura esse milho ou em um azeite de oliva virgem,
tem gente que estoura milho na areia, a pessoa que é mais dedicada busca areia
da praia, coloca areia na panela, esquenta o milho em cima da areia. Quando
chega em uma certa temperatura estoura na areia. Outros estouram no azeite de
dendê. Não vale aqui a pipoca do microondas ! Coloque em uma bacia, a vela de Obaluayê
acesa, eleva a cima da cabeça e faça uma oração a Deus, sua lei maior, sua
justiça divina, meus pais e mães Orixás, a meu pai Obaluayê. Imante, consagre e cruze essas pipocas para
que eu possa limpar e descarregar a mim ou a fulano ou o ambiente da casa e com
essa pipoca você passa pelo seu corpo e deixe a cair no chão. Cada pipoca se
torna um vórtice do pai Obaluayê e cada vórtice absorve energia negativa e
irradia energia positiva. Então você passa aquela pipoca e se descarrega com
aquela pipoca ou pega a pipoca e vai jogando por toda a casa e depois no outro
dia você varre a pipoca, vai levando a pipoca em direção da rua, vai varrendo e
levando ela pra rua. Junte tudo em um saco, ou você a joga fora ou leve a
pipoca para o mar ou para algum ponto de força. Se você vai levar a um campo de
força você está fazendo dois rituais. Se você limpou a casa, cantando para
Obaluayê, juntou a pipoca e sentiu que está tudo limpo então pode jogar essa pipoca
fora porque o que tinha que se ser feito foi feito. Esse é um descarrego com
pipoca muito simples, deve ser simples, não deve ser complicado e funciona, o
que importa é que funciona. É isso, para
Obaluayê, nós pedimos sabedoria, tranqüilidade e cura, muita, muita, muita cura
se pede para Obaluayê.
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